Eu e Ela
O teu braço ao redor do meu pescoço,
O teu fato sem
ter um só destroço,
O meu braço
apertando-te a cintura;
Num mimoso
jardim, ó pomba mansa,
Sobre um banco
de mármore assentados.
Na sombra dos
arbustos, que abraçados,
Beijarão meigamente a tua trança.
Nós havemos de estar ambos unidos,
Nós havemos de estar ambos unidos,
Sem gozos
sensuais, sem más idéias,
Esquecendo para
sempre as nossas ceias,
E a loucura dos
vinhos atrevidos.
Nós teremos
então sobre os joelhos
Um livro que
nos diga muitas cousas
Dos mistérios
que estão para além das lousas,
Onde havemos de
entrar antes de velhos.
Outras vezes
buscando distração,
Leremos bons
romances galhofeiros,
Gozaremos assim
dias inteiro,
Formando
unicamente um coração.
Beatos ou
apagãos, via à paxá,
Nós leremos,
aceita este meu voto,
O
Flos-Sanctorum místico e devoto
E o laxo
Cavaleiro de Faublas...
Cesário Verde
O poeta escreve este poema dedicado a uma mulher com
quem sonha viver no futuro e que o acompanhará na velhice recordando os tempos
passados anteriormente. Este poema também pode ser entendido como uma oração
que o poeta dedica ao "Cavaleiro das Fábulas" de quem parece ser
devoto.
Escolhi estas imagens, pois nelas está representado um
abraço que é referido no poema com o livro que é lido sobre os joelhos.